Sinopse

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Há vezes de lentidão, outras de imensidão.
Sabe dessas implosões que correm nas veias sem deixar caminhos?
Caminho é um lado de muitas interpretações. Quem nunca deixou seu coração dormir na esquina, com o mapa na mão?

Eu, nem rasa nem mansa, me amanso em dias como o de hoje, preguiçoso e lânguido de vontades.
De apreciar a minha aura sem nitidez, meus olhos sem avidez, minha boca seca. Minhas mãos só para mim, escrevem meu próximo capítulo.
Falo dessas vontades que caem como lençóis que não se cobrem por completo, das avulsas horas e dispersas no chão e do café etéreo, só dizendo das presenças que não vieram. Que não se sabe sobre.

Eu sou o meu caminho. Hoje eu fui mais que minha, mais que de qualquer história, mais que de qualquer memória que quisesse me chamar de volta. Sou dos risos que me acontecem sempre, das gargalhadas explodindo os gozos, do gosto e do vento nas minhas cortinas. Eu sou a minha ida preferida. 
E depois? não há de nunca ter depois, quando dois e dois não são exatos. E eu, eu nunca fui exatidão.
É que eu nunca sorri breve ao desencanto, encanto-me longa e paulatinamente, mas sempre às 3 da tarde, quando me espero na porta, a minha volta pra mim. Com reticências.

Me esqueço de desaprender o riso, de me prender no laço, me despeço e me desfaço. Mas te deixo saber, menino: Te acho de olhos fechados! 


[... é que eu te vi primeiro, naquele dia, lembra?!]


Todas as pedras do sapato, meu bem, colocam nossos passos em viés de mudança, de aparar as arestas, de sacolejar as certeza, de abrir as portas e as janelas dos nossos (in)cômodos empoeirados. Eu, hoje tão lenta, não menos atenta, quis deixar os detalhes passarem em vão, por entre as minhas pernas e mãos, mas não só!
Não menos sol, não tanta chuva. Entardeci e desde ontem que os hojes sofrem no meu mediastino as minhas eloquências todas. As minhas esperas que não desapareceram de um dia pro outro, de um verso pro outro.  

Meu universo é incerto de verdades que brindam os ciclos e ainda que doa, ressoa como um pardal.

Eu desatina que sou, não tenho os freios do tempo, tenho apenas os meios e as pontes que atravesso, as ruas que escolhi e os corações que me semeiam, diariamente, as nossas histórias ainda sem enredo algum.
Eu sou o meu caminho, na ida e na volta, a minha revolta à meia noite, o que me cativa e o quê me doeu.
É que antes de saber do resto, leia a sinopse: Na volta e ida, meu bem, o meu amor sou eu!

│Samara Bassi│


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* imagem/arte/poesia autorizada pelo autor Lucão
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